terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A minha juventude é água...

A minha juventude é água
que escorre em espiral
no ralo desse chuveiro.
É limpa, apenas não foi limpa o bastante.
Estes são meus sonhos,
incluindo aqueles que eu nunca conheci,
derramados, em formas trêmulas,
confusos por sua invalidez.
Das fontes que agora bebo,
todas acrescentam ao líquido
um fino metal.
Ora, pensei ser a felicidade um
momento morno,
como essa água parada na jarra.
Esquecida.
Eis que ela se movimenta,
tempestade,
e dos goles bebidos,
um envenena.

(Marieli A. Becker).

7 comentários:

  1. A paisagem é líquida: aquilo que não há mais como deter com as mãos, que foge, que escapa. Retoma o princípio líquido de tudo, como certa vez disse num poema: o gotejar da bolsa-placenta, o gotejar do soro fisiológico. Uma ideia de felicidade perdida - é um poema-lamento, um poema saído tarde, "quando não há mais tempo de (?)". Quem dera soubéssemos de quê. O final parece golpear...

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  2. gostei demais do ritmo: o ritmo do pensamento e das imagens.

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