segunda-feira, 14 de maio de 2012

Simone de Beauvoir, Pirros e Cinéias.

"Como ela tem sorte!", dizia uma psicastênica ao olhar uma mulher que chorava: Ela chora a sério. Ela também chorava com freqüência; mas não eram verdadeiras lágrimas: uma comédia, uma paródia, eram suas lágrimas. O homem normal não pensa ser feito nem de vidro nem de madeira, ele não se toma nem por uma marionete nem por um fantasma; mas ele também não pode acreditar plenamente nem em suas lágrimas nem em seu riso: nada do que lhe acontece é totalmente verdadeiro. Por mais que eu me olhe no espelho, me conte a minha própria história, jamais me apreendo como um objeto pleno, sinto em mim este vazio que é eu mesmo, sinto que não sou. E é por isso que todo culto do eu é na verdade impossível; não posso destinar-me a mim mesmo. (Simone de Beauvoir).

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